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Livro “Cinquenta Tons de Cinza” é tema de debate na ESMP

Publicado em 10/12/2012 17:45 - Última atualização em 03/02/2022 17:11

Aspectos jurídicos, sociológicos e psicológicos da obra foram tratados no debate

Mesa de abertura - Cinquenta tons de cinzaO público compareceu ao evento DSC 0602DSC 0607O conteúdo do best seller “Cinquenta Tons de Cinza”, da autora inglesa Erika Leonard James, foi abordado sob o ponto de vista de três óticas do conhecimento, na manhã desta segunda-feira, 10, na Escola Superior do Ministério Público do Maranhão (ESMP). Para discorrer sobre a obra foram convidados a psicóloga Giovana Dualibe de Abreu Vieth, mestre em Psicologia Clínica e Cultura; o sociólogo e professor Francisco José Araújo, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA); e o delegado e professor de Direito Penal da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco (UNDB), Cleopas Isaías Santos.

Antes da explanação dos convidados, a diretora da ESMP, a procuradora de justiça Themis Maria Pacheco de Carvalho explicou aos presentes o caráter multidisciplinar do evento. “Não estamos aqui para tratar do conteúdo erótico do livro, mas apresentar uma abordagem jurídica e pontos de vista de outros campos do conhecimento”, enfatizou.

Giovana Vieth, que possui um blog de psicanálise e psicologia num portal de notícias local, foi a primeira a discorrer sobre o livro. Ela destacou, primeiramente, a diferença dos perfis dos personagens principais, Anastasia (Ana) Steele e Christian Grey. Ela aparentemente discreta e ele de personalidade dominante. Também abordou o posterior contrato proposto por Christian para práticas sexuais sadomasoquistas. “Diante desse comportamento dos personagens, o sujeito do Direito nem sempre é compatível com o sujeito da Psicanálise”, disse, reafirmando que o livro pode ser abordado por diferentes áreas do conhecimento, às vezes, discordantes.

O sociólogo Francisco Araújo comentou que um dos aspectos atraentes da obra é a narração feminina em tom erótico. “O texto narrado por uma mulher trata de assuntos que os homens costumam comentar numa mesa de bar”.

Ele também chamou a atenção para a forma do texto, sintético como as mensagens das redes sociais. “Há uma síntese extremada do discurso verbal, uma narração instantânea”, declarou.

Outro ponto destacado pelo professor da UEMA foi o conflito vivido pela personagem Ana, que parece avessa ao consumo, mas que, no fundo, é encantada por objetos tecnológicos e produtos sofisticados, como aparelhos da Apple, vinhos e tecidos. “Há uma tensão no espaço do consumo que culmina no envolvimento dos personagens. Ana se encanta com Christian por este ser um empresário de sucesso”.

Por último, o delegado Cleopas Isaías Santos destacou que o caráter moral da obra, suscitada pelo contrato para sevícias sexuais, incluindo o sadomasoquismo, pode levantar a questão do limite da intervenção do Estado na esfera privada. “Imaginar que o Estado possa intervir protegendo o corpo do indivíduo dele mesmo não é mais justificável. Considero o controle do próprio corpo um direito fundamental”, concluiu.

Membros do Ministério Público do Maranhão, servidores e operadores do Direito participaram do debate.

 

Redação: Eduardo Júlio (CCOM – MPMA)