
O contato com a natureza, por meio dos passeios de bicicleta, e a observação da fauna presente na ilha de São Luís, serviram como inspiração para o artista Cláudio Lima produzir as exposições “Pássaras e Bicharada Nativa de Upaon-Açu”, inauguradas nesta quarta-feira, 5 de junho, no Centro Cultural do Ministério Público do Maranhão, no Centro da capital maranhense. O público pode conhecer os trabalhos de segunda a sexta-feira, das 8 às 15h, até o dia 31 de julho.

“Pássaras” reúne 33 ilustrações de aves observadas, na região do Araçagy, nos últimos dois anos pelo expositor. Ao lado de cada ilustração, o artista, que é designer gráfico, ceramista, ilustrador e cantor, destacou o nome da ave em tupi, como era originalmente chamada pelos indígenas e popularmente conhecida até hoje. “Optei por não usar o nome colonial”, explicou Cláudio Lima.

O processo criativo da exposição foi iniciado quando ele, ao andar de bicicleta nos arredores da Praia da Raposa, se encantou com o canto do pitiguari. O fascínio se seguiu com a pipira vermelha, corruíra, juruviara, cambacica, juriti, suindara, siricora, guriatã, piriguará, bebeô, araçari, dentre outras espécies de pássaros.
Entretanto, foi a admiração com os sons da fêmea do pitiguari, que despertou a atenção do artista e inspirou o nome da exposição “Pássaras”, sugestão do poeta Celso Borges, falecido no ano passado. “O canto dela tem mais variação melódica e é mais longo que o do macho”, destacou o expositor.

Todas as ilustrações foram criadas com caneta hidrográfica com digitalização, vetorização e pintura digital. A impressão foi feita em fine art, ou seja, em alta qualidade, com tinta pigmentada que não desbota e em papel canson fosco. Todas as peças têm formato 30 x 30 cm.
BICHARADA
A segunda exposição é formada por esculturas de cerâmica dos bichos da amazônica. Dentre os animais representados, estão japim, marajoara, paca, jaguarundi, cutia, preá, catitu, tatu peba, bacurau, sapo cururu e jurupari. Além da fauna, há representações humanizadas de entidades da cultura originária: a Mãe d’Água, a Kuracanga e o Curupira.
“As duas exposições têm inspiração nos fragmentos de floresta que eu encontro nas margens da cidade. Eu encontro esses animais e os trouxe, nas obras, para mostrar o que está na floresta e a gente ignora”, informou Lima.
A modelagem das peças, com uso da argila, foi aprendida pelo artista quando ele tinha 15 anos, com o ceramista Luiz Carlos Lima. A tinta utilizada nas esculturas foi obtida com resina vegetal.

AUTORIDADES
A subprocuradora-geral de justiça para Assuntos Administrativos, Regina Maria da Costa Leite, deu as boas-vindas aos participantes, agradeceu o artista pela exposição e destacou que o MPMA está aberto para acolher as artes.
Na avaliação do promotor de justiça e diretor da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), Ednarg Fernandes Marques, a reflexão sobre a importância da preservação do meio ambiente se fortalece com a arte. “A natureza, apesar do homem, ela resiste, apesar de nós”.
O analista ministerial e curador do Centro Cultural do MPMA, Francisco Colombo Lobo, lembrou que a exposição foi aberta em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente e a data estimula a reflexão. “O mundo é um grande ecossistema. Estamos conectados, a despeito de teorias negacionistas. Essas exposições têm o poder incrível de nos remeter à pureza natural. É preciso, pois, mudarmos nossas atitudes. Do contrário, essas ‘pássaras’ e essa bicharada, aqui retratadas, serão apenas lembranças, carregadas de nostalgia”.








Redação e fotos: CCOM-MPMA