Membro da Academia Brasileira de Letras palestrou sobre a obra do chileno Pablo Neruda
“A poesia precisa ser dita. A poesia nunca morre e sempre se levanta de algum lugar da memória”, assim refletiu sobre a importância da linguagem poética o gaúcho Carlos Nejar, 80, que proferiu a palestra “Pablo Neruda e o sentido da justiça na literatura”, na manhã desta sexta-feira, 11, no Centro Cultural e Administrativo do Ministério Público do Maranhão (Centro), como atividade da 8ª edição da ESMP Literária.
A apresentação foi organizada pela Escola Superior do Ministério Público do Maranhão (ESMP), em parceria com a Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão (Ampem) e a Academia Maranhense de Letras (AML). Membros do MPMA e da Academia Maranhense de Letras, além de gestores, estudantes, professores e amantes da literatura estiveram presentes no evento.
O poeta, ficcionista, tradutor, crítico literário e procurador de justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul está na capital maranhense a convite da Feira do Livro de São Luís (FeliS), na qual apresentará a palestra magna do evento. Ele ocupa na Academia Brasileira de Letras a cadeira que pertenceu originalmente ao maranhense Aluísio Azevedo, patrono da FeliS de 2019. O MPMA é uma das instituições parceiras da feira.
POETA GIGANTESCO
Sobre o mais importante poeta chileno, morto em 1973, tema de sua palestra, Carlos Nejar enfatizou: “A poesia de Pablo Neruda é contagiosa, ele é um poeta gigantesco, que tinha uma natureza como a terra. Era um poeta público e social que se preocupava com o povo. Queria mudar o mundo com a palavra. E o mais importante de tudo: os seus poemas estão vivos”.
A respeito da relação entre a poesia e a justiça, o poeta comentou: “Quando a justiça é realizada, é realizada a poesia. Não há muita diferença. Quando o poema é grande, é realizada a justiça. Justiça é quando existe liberdade, quando existe democracia”.
Em sua exposição, Carlos Nejar declamou um trecho de “A Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, recitou diversos poemas de Neruda e, ainda, destacou o convívio fraterno que sempre estabeleceu com todos os maranhenses que o receberam, hoje e sempre, tanto da área da literatura e poesia quanto do sistema de justiça. Ressaltou também a importância dos poetas maranhenses Nauro Machado e Ferreira Gullar.
Antes da palestra, o diretor da ESMP, promotor de justiça Márcio Thadeu Silva Marques, agradeceu a presença de todos os visitantes e convidados e classificou o momento de histórico para o Ministério Público maranhense, ao receber o poeta Carlos Nejar e assinar um termo de cooperação com a AML para ampliar as atividades do Centro Cultural. “Muito obrigado ao poeta pelo privilégio de tê-lo aqui. Muito obrigado aos acadêmicos pela oportunidade de firmar mais um projeto que zela pela cultura e pela cidadania”.
Responsável pela saudação ao palestrante, o imortal da AML Sebastião Moreira Duarte discorreu sobre a importância da diversidade cultural do Brasil e das similaridades entre as regiões. “O chão entre gaúchos e maranhenses em muito nos aproxima e em nada nos separa. Aqui e agora somos todos gaúchos, assim como tu és maranhense”, afirmou.
Em seu pronunciamento, o procurador-geral de justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho, comentou sobre a importância da liberdade proporcionada pela poesia no trabalho de Carlos Nejar. “A sua vasta obra literária de Nejar constata que ‘a esperança cresce com a opressão. A poesia é a arte da mudança, recusa amarras e prisões’. Seja bem-vindo ao Maranhão, poeta, esta terra de poetas como Gonçalves Dias”, ressaltou.
No evento, a promotora de justiça e poetisa Ana Luiza Almeida Ferro, membro da AML, recitou um poema de Carlos Nejar em homenagem ao autor.
A personalidade do promotor Celso Magalhães, patrono do MPMA, foi representada pelo ator Guilherme Guimas, que discorreu sobre a importância de sua trajetória e deu início à visitação das dependências do Centro Cultural do Ministério Público do Maranhão.
COOPERAÇÃO
Na ocasião, foi realizada uma sessão extraordinária festiva da AML na qual o Ministério Público do Maranhão firmou um termo de cooperação técnica com a AML e com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) para a implementação no Centro Cultural do MPMA do projeto MP Literário. O objetivo é organizar, a cada mês, uma palestra com um membro da Academia Maranhense de Letras sobre autores maranhenses para estudantes da rede municipal.
Pelo acordo, o Ministério Público do Maranhão garante o espaço para as palestras, a AML, o palestrante, e a Semed, o transporte dos estudantes.
Também foi assinado um ato para ampliar o projeto Ler e Integrar, de incentivo à leitura.
Assinaram o documento o procurador-geral de justiça, Luiz Gonzaga Coelho, o presidente da Academia Maranhense de Letras, Benedito Buzar, e o secretário municipal de Educação, Moacir Feitosa.
Benedito Buzar informou que vai conclamar os membros da AML a doarem livros para o projeto com o objetivo de incentivar a leitura e a diversificação do conhecimento. A doação será voluntária e o acesso às obras será gratuito.
Já Moacir Feitosa destacou a importância cultural do MP Literário e se comprometeu a incluir o projeto no calendário escolar da rede municipal de ensino.
Na avaliação do procurador-geral de justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho, a data é um momento histórico para a instituição ministerial. “Pela primeira vez é realizada uma sessão da Academia Maranhense de Letras nas dependências do Ministério Público”.
Da administração superior do MPMA, também estiveram presentes os promotores de justiça Marco Antonio Santos Amorim (diretor da Secretaria para Assuntos Institucionais), Raimundo Nonato Leite (diretor da Secretaria de Planejamento e Gestão).
Igualmente compareceram os integrantes do Projeto Memória do MPMA, o procurador de justiça Teodoro Peres Neto e os promotores de justiça Washington Cantanhede e Cláudio Frazão, assim como as promotoras de justiça que compõem a equipe da ESMP, Karla Adriana Holanda Farias Vieira e Ana Teresa Silva de Freitas.
Acompanharam o evento, ainda, os promotores de justiça Paulo Avelar Silva (diretor das Promotorias da Capital), Sandra Soares de Pontes (coordenadora do CAOp-Educação) e Cristiane Maia Lago (coordenadora do CAOp-Direitos Humanos).
Redação: Eduardo Júlio (CCOM-MPMA)
Fotos: Jeferson Aires (CCOM-MPMA)