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SÃO LUÍS – Palestra sobre racismo encerra mês da mulher no MPMA

Publicado em 27/03/2023 16:54 - Última atualização em 28/03/2023 11:12

“Se nós falamos de mortalidade infantil, crianças negras são as que mais sofrem; se nós falamos em mortalidade materna, violência obstétrica, sexual, doméstica e feminicídio, são mulheres negras que mais morrem; se nós falamos em encarceramento em massa, violência policial letal, são jovens negros que são atingidos; e se, por fim, falamos em expectativa de vida, em todos os estados brasileiros pessoas negras vivem menos que pessoas brancas. O fator raça é um elemento central, determinante das desigualdades do país”. Esta declaração fez parte da palestra “A justiça é uma mulher negra: raça e gênero no sistema de justiça brasileiro” da promotora de justiça do Ministério Público da Bahia, Lívia Maria Sant’Anna Vaz, proferida na manhã desta segunda-feira, 27, no auditório do Centro Cultural do Ministério Público do Maranhão.

Lívia Vaz (ao centro) dividiu o debate com Samira Mercês e Cricielle Muniz

A atividade encerrou o mês da mulher no Ministério Público do Maranhão e teve o objetivo de promover o diálogo entre os campos do direito, raça e gênero e uma reflexão a respeito da construção de uma justiça pluriversal. Com o auditório lotado, acompanharam a palestra servidores e membros do MPMA, estudantes, operadores do Direito e representantes da sociedade civil organizada.

Sobre o tema especificamente, a representante do MPBA, apontada como uma das 100 pessoas de descendência africana mais influentes do mundo, apresentou dados sobre a presença de pessoas negras tanto no Ministério Público quanto na Magistratura.

Mulheres do MPMA prestigiaram a expositora

No Ministério Público brasileiro, dados de 2017 do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) apontam que 77% dos promotores e procuradores são pessoas brancas, 20% são pardas e somente 2% são pretas, superando apenas as amarelas: 1%. “Nós precisamos quebrar o silêncio, a máscara do silêncio sobre o racismo. E eu fico me perguntando se é possível romper com este pacto narcísico da branquitude no sistema de justiça, porque as pessoas negras não estão lá representadas”.

Antes, Lívia Vaz fez um panorama histórico das leis e normas implementadas no Brasil desde o século XVII até o XX, que contribuíram para manter a exclusão dos negros no país, mesmo depois da abolição da escravatura. “Não há democracia se existir racismo. Por isso, precisamos ser antirracistas”, afirmou.

Lívia Vaz fez um resgate histórico de leis que contribuíram para fortalecer o racismo no Brasil

Além das três formas de racismo: estrutural, institucional e interindividual, a palestra abordou o tema do epistemicídio no contexto cultural das pessoas negras, que é a negação da condição de sujeitos de conhecimento e a imposição do embranquecimento cultural. Esse é um fator determinante para a evasão escolar. “Quantos saberes nós deixamos de acessar de uma comunidade quilombola ou indígena, encastelando os saberes eurocêntricos e coloniais. Por isso, é importante a implementação das leis 10.639/2003 e 11.645/2008”, ressaltou, referindo-se às leis que preveem a implementação no currículo das redes de ensino da obrigatoriedade da temática “História e cultural afro-brasileira e indígena”.

A palestrante dividiu a mesa com a promotora de justiça e coordenadora do Núcleo da Promoção da Diversidade do MPMA, Samira Mercês dos Santos, e com a diretora-geral do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, Cricielle Muniz.

AUTORIDADES

Regina Leite fez a abertura da solenidade

A atividade foi aberta pela subprocuradora-geral para Assuntos Administrativos, Regina Leite, que elogiou o trabalho da Escola Superior do Ministério Público do Maranhão (ESMP) e do Centro de Apoio Operacional de Enfrentamento à Violência de Gênero (CAO-Mulher) pela defesa dos direitos e proteção das mulheres. “Quero parabenizá-las pelo enfrentamento da violência de gênero e pela luta para que políticas públicas de proteção sejam implementadas de forma humanizada e efetiva, conforme determina a legislação”, enfatizou a procuradora de justiça, que representou, na solenidade, o procurador-geral de justiça, Eduardo Nicolau.

Em seguida, a diretora da ESMP, Karla Adriana Farias Vieira, destacou a importância do tema como forma de quebrar paradigmas no contexto social brasileiro, incluindo no sistema de justiça brasileiro, no qual os negros são minorias. “É preciso descolonizar, retomar as vozes e narrativas das mulheres negras, apagadas violentamente de suas próprias histórias. É preciso ouvi-las. É preciso ocupar, conhecer o perfil étnico-racial do sistema de justiça brasileiro”, disse.

Diretora da ESMP enfatizou que é necessário retomar as narrativas das mulheres negras

A promotora de justiça Samira Mercês dos Santos apresentou o currículo da palestrante e destacou a importância do tema do debate. “O racismo existe nas instituições. É preciso ser pautado, sempre. É preciso trazer à tona essa discussão e buscar soluções antirracistas no sistema de justiça”, enfatizou.

Ao final, a coordenadora do CAO-Mulher, Sandra Fagundes Garcia, organizadora da programação do mês da mulher, agradeceu a presença e participação de Lívia Vaz.

Palestrante recebeu a publicação do Padhum entregue por José Márcio Maia Alves

Também no encerramento o promotor de justiça José Márcio Maia Alves (diretor da Secretaria para Assuntos Institucionais) entregou à palestrante a publicação do Programa de Atuação em Defesa de Direitos Humanos (Padhum).

A atividade contou, ainda, com a apresentação musical de integrantes maranhenses da Marcha Mundial das Mulheres.

Público lotou o auditório do Centro Cultural do MPMA

Igualmente esteve presente o promotor de justiça Carlos Henrique Rodrigues Vieira (diretor da Secretaria de Planejamento e Gestão), entre outros membros da instituição.

Redação e fotos: Eduardo Júlio (CCOM-MPMA)