
A palestra “Saúde mental no trabalho: uma discussão necessária” apresentada nesta terça-feira, 12, no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça, em São Luís, integra mais uma das atividades do Setembro Amarelo no Ministério Público do Maranhão. A mobilização de prevenção ao suicídio e promoção da saúde mental é direcionada a membros e servidores da instituição.
Na abertura da atividade, a ouvidora do MPMA, Sandra Elouf, desejou que o debate sobre a saúde mental renda frutos positivos para o ambiente de trabalho. “Desejo uma manhã exitosa. Aproveitem o evento.” No mesmo sentido, a subprocuradora-geral de justiça para Assuntos Administrativos, Regina Leite, lembrou que é indispensável zelar pela saúde mental. “O ambiente de trabalho pode e deve ser um gerador de saúde e não de doenças”.
A atividade foi organizada pela Seção de Saúde Funcional e pela Escola Superior do Ministério Público do Maranhão (ESMP), que foi representada pela promotora de justiça e diretora em exercício, Elyjeane Carvalho.

Para o procurador-geral de justiça em exercício, Danilo Castro Ferreira, a sociedade contemporânea atravessa momentos difíceis com a perda de vidas resultantes do adoecimento mental e essa discussão é ainda mais importante no espaço laboral. “Precisamos de um ambiente de trabalho saudável. Precisamos entender as situações paradoxais que levam à depressão”.
Em seguida, após a apresentação do coral Vozes do MP, o médico psiquiatra João Arnaud iniciou a palestra destacando que o sofrimento psíquico não é algo puramente biológico, mas também é resultado do ambiente, das pressões e cobranças externas e internas. “Produza, seja versátil, alimente seu Instagram são exemplos de pressões criadas e absorvidas que geram a preocupação de mostrar algo, produzir”.

Para o psiquiatra, a imensa pressão social faz as pessoas acreditarem que são improdutivas e não são capazes de responder as tarefas de trabalho. Como consequência, o sofrimento psíquico é ampliado. Além disso, pessoas com depressão e ansiedade, frequentemente, se sentem isoladas socialmente e também têm receio de falar sobre o tema, em virtude de um tabu que as associa à fraqueza e à incapacidade laboral.
O palestrante abordou, ainda, o conceito de sociedade líquida em que o homem é considerado uma mercadoria. “Esse ambiente onde tudo é efêmero e nada é permanente produz sujeitos com identidades transitórias, relacionamentos passageiros e superficiais”, explicou Arnaud.
Ele também alertou sobre a tensão existente entre o projeto de vida pessoal e as exigências organizacionais e classificou essa situação como um “paradoxo de um ideal irrealizável”.


Redação: Johelton Gomes (CCOM-MPMA)
Fotos: Eduardo Júlio e Laura Damasceno (CCOM-MPMA)